Precisamos guardar esse tesouro, essa graça recebida, traduzindo-a em ardentes propósitos e diretrizes concretas de ação, para que possamos crescer como membros do corpo de Cristo e oferecer, através de nossa vivência cristã, uma simples, mas decisiva, ajuda à Igreja e à humanidade. Só o faremos se, em primeiro lugar, tendermos decisivamente à santidade, pois todo o caminho pastoral deve ter como objetivo a santificação. Essa é a vontade de Deus: “A vossa santificação” (1Tes 4,3). É um compromisso que diz respeito a cada um de nós, chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. (Concílio Ecumênico – Vat. II, Lumen Gentium, 40).
Santidade significa colocar-se na estrada da vida com o radicalismo do Sermão da Montanha: “Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste” (MT 5,48).
1. A ORAÇÃO PESSOAL E COMUNITÁRIA – Na oração, desenrola-se aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15,4). Nossos grupos devem tornar-se autênticas “escolas” de oração, onde o encontro com Cristo não se exprima apenas em pedidos de ajuda, mas também em agradecimentos, louvor, adoração, contemplação, escuta e afetos de alma, até chegar a um coração verdadeiramente apaixonado. Para isso faremos nossas orações da manhã e da noite, nossa meditação do evangelho diário, nossa visita semanal ao Santíssimo Sacramento, a recitação diária do terço e nossa oração de agradecimento após a comunhão eucarística.
ORAÇÃO COMUNITÁRIA – Um fruto da caridade dentro da comunidade é a oração em comum. Diz Jesus: “Se dois de vocês na terra se colocarem de acordo para pedir qualquer coisa, o meu Pai que está nos céus a concederá. Porque onde estão dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles” (Mt 18,19-20). O Senhor assegura a sua presença na comunidade que, mesmo sendo pequena, é unida e unânime, porque reflete a própria realidade de Deus Uno e Trino, perfeita comunhão de amor.
2. A EUCARISTIA – Tornarmo-nos “pessoas eucarísticas”. É preciso fazer essa opção, dando particular relevo à Missa dominical e ao próprio domingo. Além disso, devemos sempre que possível procurar nos abastecer da Divina Eucaristia nos outros dias da semana. Amar e adorar Jesus Eucarístico e permanecer preparados para receber Jesus nesse divino sacramento. Antes de cada atividade de evangelização que fizermos, iniciaremos com a Santa Missa e o firme propósito de servir com a consciência de que “somos servos inúteis e infiéis, fizemos o que deveríamos ter feito”.
3. O SACRAMENTO DA RECONCILIAÇÃO – Devemos ter uma renovada coragem para, na pedagogia cotidiana da nossa comunidade, buscar de forma eficaz a prática do sacramento da reconciliação. Portanto, devemos buscar obrigatoriamente a confissão sacramental na Páscoa do Senhor e no Natal, como recomenda a Santa Igreja. Para os membros da comunidade, aconselha-se a confissão uma vez ao mês.
4. O PRIMADO DA GRAÇA –“Ai de nós” se esquecermos de que “sem Cristo, nada podemos fazer” (Jo 15,5). É a oração que nos faz viver nessa verdade, recordando-nos constantemente o primado de Cristo e, consequentemente, o primado da vida interior e da santidade. Quando não se respeita esse primado, não há que se espantar se os projetos pastorais alcancem o fracasso e deixam na alma um deprimente sentido de frustração. Repete-se, então, conosco, aquela experiência dos discípulos narrada no episódio evangélico da pesca milagrosa: “Trabalhamos a noite inteira e nada pescamos” (Lc 5,5).
5. MEDITAÇÃO, VIVÊNCIA E ANÚNCIO DA PALAVRA – Não há dúvida de que o primado de santidade só é concebível a partir de uma renovada escuta da Palavra de Deus. Portanto, devemos ler e meditar o Evangelho do dia, indicado pela Igreja através da liturgia diária. Devemos reviver em nós o sentimento ardente de Paulo, que o leva a exclamar: “Ai de mim se não evangelizar” (1Cor 9,16). Quem verdadeiramente encontrou Cristo não pode guardá-Lo para si, tem de anunciá-Lo. Concretamente, coloquemo-nos à disposição de Dioceses, Paróquias, Escolas, Movimentos, Grupos, pessoas que necessitam de nossa ação. Nossa forma característica de evangelizar será através de encontros de evangelização, utilizando didática e metodologias próprias para levar Jesus às pessoas (esses encontros são chamados de “Circo” e de “Oscar” e poderão, de acordo com a realidade e as necessidades locais, adquirirem novos nomes e formatos). Também evangelizaremos através de momentos organizados para os pais dos participantes da comunidade, preparação de Natal para colegas mais distantes da Igreja, das atividades sociais realizadas de maneira sistemática ou aquelas organizadas em eventuais momentos: natal, catástrofes naturais; entre outras. Podemos utilizar de todos os meios mais modernos para difundir a Palavra de Deus: internet, rádio, TV, etc., sempre com prudência e espírito evangélico.
6. CORREÇÃO FRATERNA – Um dos grandes compromissos assumidos por nós, cristãos, como batizados, é a correção fraterna. Necessária porque está embutida no maior dos mandamentos: “Amarás o teu próximo com a ti mesmo”. Corrigir fraternalmente o irmão, em seu erro, é amá-lo como Cristo nos amou e continua nos amando. É a pura expressão da misericórdia humana como reflexo da misericórdia divina.
7. SER TESTEMUNHAS DO AMOR – “É por isto que todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Se verdadeiramente contemplamos o rosto de Cristo, a nossa programação pastoral não poderá deixar de inspirar-se no “mandamento novo” que Ele nos deu: “Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34). Devemos testemunhar o amor de Cristo, que se manifesta através do amor entre nós e para com os irmãos, vivendo a comunhão que encarna e manifesta a própria essência do mistério da Igreja.
8. CARIDADE FRATERNA – Chegou a hora de uma nova “fantasia da caridade”, que se manifeste na capacidade de pensar, criar e ser solidário com quem mais sofre, de tal modo que o gesto de ajuda concreta seja sentido, não como esmola humilhante, mas como partilha fraterna. Nossas atividades sociais devem ser vistas como verdadeiras ações pastorais e comunitárias, e nunca reduzidas a ações sociais. Lembrando sempre Jesus: “Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizeste” (MT 25,40).
9. OS CONSELHOS EVANGÉLICOS – Cada membro da comunidade deve viver os três conselhos evangélicos – Pobreza, Obediência e Castidade de acordo com seu estado de vida, considerando:
a) A pobreza - antes de tudo, como desapego espiritual do que possuímos e somos, colocando cada coisa no seu devido lugar, a partir de uma nova escala de valores, na qual Deus ocupe o primeiro lugar em nossa vida: Ele é nosso tudo, nosso primeiro amor e supremo bem. Devemos fazer a comunhão de bens de acordo com a consciência de cada um, sempre na liberdade e com grande desprendimento.
b) A obediência – estando atentos à vontade de Deus para cada um, especialmente na vivência da Palavra. Obedeceremos a tudo o que diz a Igreja Católica através do Santo Padre, o Papa, e dos Bispos. Seguiremos as orientações de nossos superiores, dentro de tudo o que for de acordo com a justiça, a moral, a caridade e os ensinamentos cristãos.
c) A castidade – dar-se-á pela observância da pureza em nossos relacionamentos com as pessoas, em nossa maneira de vestir, naquilo que lemos, em tudo a que assistimos, em como usamos os meios de comunicação (especialmente a internet) e, acima de tudo, mantendo-nos virgens até o casamento ou por toda vida, dependendo da vocação a que formos chamados: a consagração leiga na própria comunidade, a vida sacerdotal ou religiosa.
d) Conselho complementar de amor mútuo – viver com radicalidade a mútua e contínua caridade, antes de tudo entre os membros de cada grupo e, igualmente, com toda comunidade. “Não há maior amor do que dar a vida por seus amigos”. Para isso, devemos: não julgar, ser transparentes com cada irmão da comunidade, estar à disposição de todos e ajudá-los na busca a santidade, auxiliando-nos, uns aos outros, em tudo.
10. MARIA SANTÍSSIMA – A comunidade Lumen coloca-se sob a proteção especial de Maria Santíssima, venerada nas suas esplêndidas prerrogativas e digna de imitação, como modelo de obediência absoluta, humildade extrema, castidade angelical e tantas outras demais virtudes. Os membros da comunidade devem ser levados ao desejo de ser parecidos com ela, trazendo-a no coração como Mãe da Evangelização. Nós também nós queremos seguir com ela até o calvário de nossa vida e permanecer lá aos pés da cruz de Cristo, exercendo nossa “maternidade espiritual” para com todos aqueles que nos forem confiados pela providência de Deus. Olharemos para Maria, enfim, como caminho que leva a Cristo, certos de que, apoiados nela, ficará mais fácil avançar seguros rumo à santidade.
Comemoramos de maneira especial a festa de Nossa Senhora da Luz – 02 de fevereiro –, padroeira da comunidade Lumem. Celebramos devotamente, também, a festa da Imaculada Conceição de Maria – 08 de dezembro –, já que desejamos acima de tudo ser fiéis a Jesus vivendo a pureza de maneira heroica.
11. AMOR INCONDICIONAL A JESUS CRUCIFICADO – Para seguir Jesus, cada membro do grupo deve apoiar-se na Cruz redentora de Nosso Senhor: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Lc 9,23). Devemos adentrar no mistério da cruz, conscientes de que é lá que encontraremos o sentido para nossa vida e para a vida de todos que desejam seguir o Cristo. Por isso, amaremos Jesus Crucificado com predileção, afirmando com São Paulo: “Não conheço senão Cristo e Cristo Crucificado”. Faremos isso vivendo a perfeita alegria sugerida por São Francisco de Assis: escolhendo os últimos lugares, suportando por amor a Jesus toda perseguição, todas as injúrias, os desprezos, os trabalhos mais difíceis, os desafios da evangelização e a rejeição do mundo. Faremos isso sempre com alegria e acima de tudo agradecidos, porque temos a possibilidade de dizer a Jesus: “agora, somos um pouco parecidos com você. Agora somos dois a sofrer por amor”. Prometamos a Jesus que o nosso coração jamais o abandonará, para que Ele, aqui na terra, encontre em nosso coração o Paraíso que perdeu durante alguns segundos, quando, na cruz, teve a impressão de que o Pai O havia abandonado.
12. DÍZIMO E COMUNHÃO DE BENS – Todos os membros da comunidade ofertam ao Senhor, através do dízimo, uma contribuição financeira paga à paróquia em que estão inseridos. Todos os membros farão, com seus grupos, a comunhão de bens de acordo com suas possibilidades e consciência, sempre na liberdade. Essa partilha servirá para cobrir as necessidades da comunidade, a realização de suas atividades e encontros e a ajuda aos mais pobres.
FIDELIDADE A IGREJA
O PAPA E OS BISPOS
Cultivar uma relação efetiva e afetiva com o Magistério da Igreja: antes de tudo com o Papa, centro da unidade da Igreja, e também com os Bispos, sucessores dos apóstolos. Não se pode contemplar a face de Cristo sem vê-la brilhar sobre a da Igreja nas suas pessoas e instituições. Os membros de nossa comunidade, que desejam seguir Jesus, são chamados a testemunhar uma unidade sem defeito com os representantes de Jesus na terra. A adesão do espírito e do coração ao magistério do Papa e dos Bispos é um aspecto determinante dessa comunhão eclesial, ela deve ser vivida com lealdade e ser claramente manifestada diante do povo de Deus por todos nós: “Quem vos ouve, a Mim ouve.” Obediência ao Papa em tudo, seguindo as diretrizes da Igreja, sem hesitar jamais.